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Liège Gautério – Ouro nas pistas e na Vida

medalhas

TRANSPLANTE UNILATERAL DE PULMÃO

IDADE NO TRANSPLANTE: 38 anos

TEMPO NA FILA DE ESPERA: 5 meses

DATA DO TRANSPLANTE: 29/09/2011

 

“Meu nome é Liège Gautério, tenho 43 anos e moro em Porto Alegre –RS. Sou transplantada de pulmão unilateral há 5 anos anos ( vivo somente com o pulmão esquerdo). Sofria de uma patologia denominada fibrose pulmonar, uma doença progressiva e sem tratamento que vai limitando a capacidade respiratória de forma que a pessoa cansa ao mínimo esforço, como escovar os dentes, por exemplo.

Sou educadora física e sempre fiz exercício. Iniciei aos 5 anos com o ballet e já fiz musculação, atletismo, natação, bike, street dance, treinamento funcional, enfim…de tudo um pouco. Esse meu preparo prévio certamente me auxiliou na recuperação pós-transplante e procuro incentivar ao máximo a prática de esporte dentre os transplantados. Gostaria, inclusive, que houvessem mais estudos na área de forma a capacitar meus colegas de profissão a atender melhor esse público.

Tive meu diagnóstico em 2003 e em 2009 comecei a sentir cansaço pra correr e subir lombas. Em 2011 iniciou o cansaço para para tomar banho e passei a usar oxigênio 24h. “Morava” no meu quarto. Saía para tomar banho de 3 em 3 dias e minhas refeições eram levadas por minha mãe até o quarto .Esperei 5 meses na fila e em 29 de setembro de 2011 aconteceu meu transplante. Fiquei 2 dias na UTI e depois fui para o quarto. A sensação de conseguir respirar por si é mágica, única e ter autonomia sobre o próprio corpo é fundamental para sentir- se com dignidade. No ano passado tive o privilégio de participar da vigésima edição das Olimpíadas para transplantados ocorrida em Mar Del Plata, na Argentina em agosto.

Fui a primeira mulher brasileira a participar desse tipo de competição e realizei os 100 e 200m rasos. Tive a grata satisfação de conseguir a primeira medalha de ouro para o Brasil na minha prova dos 100m. Consegui prata nos 200m. Vi nessa competição a oportunidade de divulgar a importância da doação de órgãos,pois muitas pessoas veem o transplantado como alguém limitado e com muitas restrições. E não é verdade!! Havia 45 países , alguns com delegações com muitos atletas celebrando a segunda chance de viver através do esporte. Foi lindo!!

Correr, pra mim, é algo muito simbólico…porque sinto a vida entrando no pulmão novo que recebi…para quem não conseguia nem mais caminhar, correr, competir e vencer é uma grande superação. E é isso que tento passar para os que se encontram esperando por um órgão.

Nessa trajetória toda a equipe médica do transplante pulmonar da Santa Casa de Porto Alegre foi muito importante, sobretudo o Dr, Camargo, chefe da equipe. E nos meus treinos tive o apoio do meu técnico de atletismo Gelson Ferreira Vaqueiro e do meu preparador físico Marcos Lisboa. A sensação de ter ganho o ouro foi única…inesperada..quase que inacreditável. Agora é começar a preparação para os Jogos do ano que vem em Málaga, na Espanha e torcer por bons resultados.

Há vida após o transplante!!

Não importa a distância que você percorre ou o tempo que leve para cumprir uma prova. O importante é sentir-se respirando!!!”

 

FRASE FAVORITA: “O real sentido da vida é percebido através da consciência da finitude dela. Por isso vamos valorizá-la sempre…a cada suspiro”.

 

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