“É definitivamente a coisa mais linda que já vi.” – Foi essa a única frase que fui capaz de dizer ao assistir um transplante cardíaco pela primeira vez.
Quando fui convidada à escrever sobre o renascimento do paciente transplantado aos olhos da equipe transplantadora mil histórias me vieram à mente, vivi cada uma delas novamente e me dei conta que pacientes à espera de um coração se tornam inesquecíveis na nossa vida humana e profissional.
Tornam-se inesquecíveis por sua internação prolongada, pelo vínculo construído consigo e família, pela empatia presente, pela comoção gerada, mas sobretudo pelo exemplo de força e esperança renovada a cada novo dia.
A espera juntos, cheia de altos e baixos e o medo da morte que assombra. Talvez seja essa a mais breve e perfeita definição para os dias vividos quando se espera um coração. E quando ele finalmente chega……….ah! Uma alegria inunda a alma, o coração dispara e o choro é inevitável! Não se faz alarde. Preces são elevadas dentro de um silêncio que se faz presente. Se respeita o sentimento de duas família envolvidas – uma que perde um ente querido, mas que tem a nobreza de fazer com que a vida continue para outra.
Contam-se as horas, os minutos e os segundos. Compete-se com o tempo. Carro ou avião? Ataque de imunossupressor. Doador em sala? Receptor pronto? O transplante acontece, o (re)nascimento acontece! Se espera ansiosamente pelo abrir dos olhos e se alegra em ouvir “não tenho mais falta de ar”. Se vibra com a primeira caminhada, com a alta dada, com as visitas sempre acompanhadas pela vida bem vivida e por um muito obrigada!
Costumo dizer que quando um paciente é transplantado a equipe também renasce. Renasce em esperança, na certeza que o trabalho é compensador, na força em querer fazer sempre mais. Certa vez ouvi da Patrícia uma frase em que ela diz que “esperar um coração é como andar na neblina.” Andamos juntos, muitas vezes nos perdemos, mas encontramos no fim dessa caminhada o sol, brilhante a nos alegrar.
Choro ao lembrar de quantos Edmilsons lutaram, mas não tiveram a chance de ver seu coração chegar, mas sobretudo me alegro ao pensar nas tantas Patrícias, Priscilas, Geraldos, Luizes, Raimundos e Joseanes que a vida me deu o privilégio de renascer com eles.
Termino com a mesma frase citada no início deste texto, pois me perdoe as parteiras, mas ver pessoas renascerem dentro da própria vida é definitivamente a coisa mais linda que já vi.
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Que texto emocionante!!