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TRANSPLANTADA OU AVATAR? – Por Lili Alencar

Eu tinha 23 anos quando descobri, por acaso, que tinha Insuficiência Cardíaca. Lembro-me que aos 13 anos já me sentia muito cansada. Também lembro que desamaiei aos 15 anos e 16 anos e das palpitações e tonturas da juventude e da falta de ar quando as conversas eram longas. Só que pra mim isso era normal, achava que todo mundo também se sentia assim. Tudo foi piorando muito até meus 35 anos quando devido à doação de órgãos, consegui um transplante de coração. Minha vida foi salva!

Quando acordei da cirurgia foi a primeira vez em toda minha vida que respirei normalmente. O ar entrava e saía livremente. Metido. Independente. Eu não precisava estar consciente da minha respiração, nem fazer força para puxar o ar. Era incrível! Eu tinha tubos grossos saindo pelo meu tórax e muitas dores por todo o corpo, mas nada disso importava. Só queria sentir a minha respiração. Eu ria sozinha na maca, às vezes eu chorava de madrugada de felicidade. Eu não acreditava! Não dormia com medo de estar sonhando, pois por diversas vezes eu já havia sonhado com minha cura. Agora eu estava curada! Eu não queria correr o risco de acordar.

Quando tive alta do hospital me sentia com super poderes. Não existia mais cansaço! Podia fazer o que eu queria! Com o tempo me Inscrevi na natação, dança, boxe, musculação e abdômen coletivo. Era como no filme “Avatar”, do diretor James Cameron, no qual um paraplégico mudava de corpo para realizar uma missão. Ele corria, saltava, podia fazer o que quisesse.

Gosto de explicar para as pessoas o que a doação de órgãos fez em minha vida, usando o exemplo do filme. Explico que sou como o Avatar, fui para o centro cirúrgico ganhar um novo coração em um corpo e quando eu acordei na UTI, estava em outro. É como se meu espírito tivesse outra moradia, antes um corpo limitado caminhando para a falência. Agora um corpo que me permite ser e fazer o que eu quero. Num dia estou apostando corrida com meu sobrinho de 5 anos, no outro participo de uma competição internacional de natação. Na musculação, levanto com minhas pernas o peso do meu corpo. Sou forte, tenho saúde e pela primeira vez sou capaz! Por intermédio da doação de órgãos, hoje moro em outro corpo assim como um Avatar.

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