Quando eu nasci, pensavam que eu era transplantada ou que eu estava em uma lista de espera. E sabe qual era a maior surpresa dessas pessoas? Era ler a minha história e descobrir que eu era apenas uma criança saudável e não enfrentava nenhum tipo de problema, mas dentro de mim tinha uma vontade enorme de ajudar e de praticar a doação.
Minha família sempre me incentivou a dividir meus brinquedos e doar aqueles que eu não brincava mais. Doar livros já lidos, alimentos e agasalhos a quem precisava para passar um inverno mais quentinho. A dar atenção aos idosos nem que fosse para ler alguns versos para eles. E eu, curiosa como sempre, aprendi muito com meu Vô Gi sobre doação de sangue e de Medula. Presenciei minha prima ganhando um novo rim. Doei meus cabelos para minha amiguinha que os perdeu durante um tratamento. Apliquei vários aprendizados sobre doação que tive com a minha família nas minhas bonecas. Com elas sou médica, sou enfermeira e sou professora. Posso ser qualquer coisa! No meu mundo mágico de brincadeiras tudo é perfeito. Quem está doente, recupera-se. Quem está triste, fica feliz. Não temos medo de nada.
E por que as pessoas espantaram-se tanto ao saber que eu estava falando sobre doação? É porque os adultos não falam isso nem entre eles, muito menos com uma criança. Porque afinal isso não é assunto para criança, não é? Não na minha família. Aqui falamos sobre isso. Aqui falar sobre doação é permitido! Porque se eu ainda criança não aprender a DOAR, vou aprender quando?
Eu sou uma criança que nasceu dentro de um livro. E eu, de dentro deste universo de leitura, peço-te: Por favor, deixem as crianças aprenderem!
*Dora é personagem do Livro infantojuvenil “Adorável Dora”. Autores: Marcelo Boanova Gianesi e Priscilla Pignolatti
@adoraveldora