Aos meus 38 anos, descobri uma deficiência pulmonar congênita e rara. Foi um choque no início, mas, em momento algum, entreguei-me ao medo ou à tristeza. Sempre tive a certeza de que queria viver muito e bem, porque sempre amei a vida.
Durante pouco mais de 12 anos passei por um longo tratamento, medicações, privações, mas também por muita resignação e resiliência. Aprendi a viver com pulmões frágeis que precisavam de atenção e cuidados e que não estavam aptos para que eu pudesse ter uma vida saudável e longa.
Há quase 2 anos, soube que minha única chance seria um transplante pulmonar. Entrei na fila, os tratamentos prosseguiram, mas meus pulmões seguiam cada vez mais frágeis e forçando meu coração. Embora quem não soubesse dessa minha condição, nunca imaginou que eu tivesse algum problema grave, tamanha é minha vontade de viver e de me cuidar.
Dia 12/09/19, 51 anos, recebi a ligação mais feliz e ao mesmo tempo mais assustadora da minha vida: “Sra. Mari Angela, aqui é o Dr. Daniel do Incor, a senhora poderia comparecer ao HC ainda hoje? Pois acreditamos que temos os pulmões para seu transplante. “ Era um dos médicos da equipe que me assistia.
Um misto de susto, medo e também uma alegria imensa. Minha chance de viver mais, muito mais e melhor! Dali começou minha nova vida. Corri para casa e peguei minha mala para chegar ao hospital a tempo. Formulários, perguntas, exames, família acionada.
A tarde passou como se fossem dias. Ainda não tinha a certeza por parte dos médicos de que aqueles pulmões serviriam para mim, mas, no fundo do meu coração e da minha alma, eu tinha essa certeza que eles seriam meus, e foram!
Às 19h30 do dia 12/09/19, minha vida começou a mudar. A essa altura não somente a família, mas também meus amigos já estavam sabendo de minha nova chance. Soube, inclusive, com o coração quentinho, que uma corrente gigante estava sendo feita. Afinal, Deus sempre foi muito bom comigo. A cirurgia durou 12 horas (muito menos do que o previsto e foi um sucesso).
Dia 13/09/19, primeiro dia da minha nova vida. Doeu respirar, tive medo, muita dor mesmo e o primeiro pensamento que me veio à mente: Estou viva, passei por essa! Obrigada, Deus!
De lá pra cá, estou me recuperando muito bem, ainda com muitos cuidados, medicações, muitos exames, muita fisioterapia, porém com a certeza de que não vou desperdiçar (como nunca fiz) nenhum segundo dessa minha nova chance, dessa minha nova vida.
Agradeço imensamente a cada um que rezou por mim, ligou, visitou, mandou mensagem, enfim, a cada um que, mesmo de longe, pensou em mim e desejou o meu melhor.
Nova vida daqui em diante, novas descobertas, novas possibilidades. Que venham pelo menos mais 51 anos pela frente! Hoje com 01 ano e 4 meses que recebi meu “SIM” de uma família abençoada, estou ótima e acreditando que tudo será maravilhoso daqui para frente.
Digo para quem está na fila não desistir nunca, cuidar-se ao máximo que puder e ter minha muita fé que na hora certa, o “SIM” chegará. Vamos viver que é a melhor coisa do mundo.