Se de um lado, algumas mulheres sonham desde criança em serem mães, de outro, outras nunca se imaginaram nesse papel até se tornarem uma.
Sempre fui apaixonada por crianças, quem me conhece sabe bem disso. Porém a maternidade sempre foi um assunto cheio de dúvidas e um sonho quase impossível.
Nasci com uma doença no fígado, chamada atresia de vias biliares, a qual me trouxe a necessidade de um transplante logo no meu primeiro ano de vida. Foi uma batalha num tempo em que a palavra “transplante”, para maioria, era algo desconhecido.
Vencida a batalha, cresci e junto cresceram os meus sonhos. Minha paixão por crianças é nítida e vibrava a cada anúncio de gravidez de amigas, mas sempre pensava: será que um dia chegaria a minha vez?
Quem é transplantado sabe dos cuidados que temos de ter com nossas medicações, que nos são vitais. Elas são importantes no cuidado com o novo órgão, mas podem causar efeitos colaterais. Esse era meu medo com relação à gravidez, a medicação prejudicar a mim e ao meu bebê.
Certo dia, minha médica conversou comigo sobre o assunto. Me apresentou todos os riscos e cuidados, mas também me incentivou muito a realizar meu sonho.
E hoje, com quase 34 anos de transplante estou à espera da minha pequena Maya. Meu ser de luz, que enche meu coração de alegria a cada exame pré-natal e que traz esperança não só a mim, mas também a outras transplantadas que sonham em ser MÃE.
A espera pela Maya tem sido transformadora e já no meu ventre ela tem recebido todo o amor que precisa, amor este que será infinito e incondicional.
Não sei tudo sobre a vida, mas o que já vivi e venho vivendo me faz ter a certeza do quanto ela é especial.
Gratidão ao meu doador por me permitir ser MÃE, a responsabilidade mais divina que uma mulher pode assumir.
Karina Lembeck é transplantada de fígado há 33 anos e espera em seu ventre a tão sonhada Maya.