Quando você entra em uma fila de transplante, não importa se você é rico ou pobre, se você é um médico ou um motorista: você vai esperar como as milhares de pessoas que estão lá. Mas os pacientes graves precisam passar na frente, pois são prioridade na fila devido ao risco de vida. Foi meu caso. Eu cheguei a ser a primeira da lista do meu tipo sanguíneo em Brasília.
Eu sempre trabalhei com crianças em UTI. Sobre a doação de órgãos eu sabia o que era morte encefálica e tinha o conhecimento de que ali não era o fim de uma vida, mas sim uma possível oportunidade de recomeço de outras 8 vidas com o transplante de órgãos. Porém, jamais poderia imaginar que uma criança me salvaria, logo eu que sempre lutei para salvá-las.
Quando fui diagnosticada com um tipo de câncer, sabia que minha luz no fim do túnel seria o transplante. Eu vi meu pai perder o chão, ele segurava minha mão tão forte sem entender o porquê tudo aquilo estava acontecendo outra vez: Havia 8 anos que meus pais perderam minha irmã vítima de um câncer raro também, mas que não deu chance alguma a ela. E novamente eles estavam passando por aquilo.
Eu, mãe de duas meninas, conseguindo as coisas que sempre sonhei, estava com a vida por um fio … Porém eu sempre tive fé, eu não chorei, eu era uma rocha, minha fé era inabalável. E assim foi que aconteceu: Deus teve um plano e foi o plano perfeito! Meu fígado chegou!
Eu saí da sala de cirurgia em estado grave, mas quem me operou foi Deus. Em horas meu quadro clínico melhorou, eu precisaria ficar na UTI mais ou menos 8 dias, mas eu fiquei somente uma semana. Hoje com 3 meses, ninguém diz que sou transplantada.
Muito obrigada à mãe do meu doador por autorizar a doação de órgãos que me permitiu uma nova vida.
Mãe e pai, eu sou a prova viva do amor de Deus por vocês, Ele sabia da dor que vocês sentiram e não permitiu que isso acontecesse novamente. Milagres existem, eu sou a prova disso!
Haissa Santana tem 31 anos, é transplantada de fígado e técnica enfermagem.