Meu nome é Larissa, sou esposa do Gabriel e mãe da Tereza. Quando tínhamos seis meses de namoro, Gabriel foi diagnosticado com um linfoma, um tipo de câncer no sangue.
Na época, eu tinha 18 anos e ele 21. De lá pra cá, 11 anos se passaram, hoje já são 8 anos de remissão do câncer. Porém, o tratamento deixou algumas sequelas: fibrose pulmonar, pneumonite actínica, bronquiectasias e uma capacidade respiratória de 19%.
Por conta dessas sequelas, o pulmão do Gabriel é um lugarzinho muito querido e aconchegante para vírus, bactérias e fungos. Além da falta de ar aos pequenos esforços, as infecções e internações são constantes.
O transplante de pulmão passou a ser um sonho. Eu, como esposa e mãe, sonho com o dia em que a falta de ar de Gabriel será de tanto correr atrás da nossa filha. Sonho com o dia em iremos para o hospital apenas para visitar alguém ou para as consultas de rotina. Sonho com o dia que ele não precisará mais de ajuda para realizar tarefas simples como calçar um tênis, tomar banho, comer.
Não por mim, estou aqui para ajudá-lo sem medir esforços, mas por ele, pela independência, pelo prazer e pela sua autonomia.
Estamos aqui firmes e fortes fazendo a nossa parte esperando o dia certo e a hora certa que este pulmão virá.
Contudo, esse sonho depende do sim de muitas famílias. O sim que irá mudar a vida não apenas de uma pessoa, mas de um pai, de uma mãe, de uma filha, de uma família inteira.
Acompanhar alguém que está na fila é ser o seu braço direito, mas ao mesmo tempo se sentir impotente por não poder fazer mais. Mas juntos podemos fazer mais, sendo doadores podemos mudar a vida não só da minha família, mas também de muitas outras.